Yoga
Sobre Rituais – Parte I
Por Carlos Eduardo Gonzales Barbosa
Se observado com atenção, o ritual é uma dessas necessidades que nos tornamos incapazes de reconhecer, mas cuja falta intensifica o impacto do estresse e prejudica a nossa saúde física e mental.
O ritual tem sido, desde tempos imemoriais, praticado de conformidade com regras herdadas dos antepassados, e sempre foi capaz de produzir o conforto psicológico de estarmos fazendo aquilo que se espera que seja feito. A ideia de ritual normalmente envolve práticas padronizadas que são realizadas regularmente em razão de uma prescrição religiosa ou apenas em obediência a uma convenção do protocolo social. Ao cumprir essas ações predeterminadas, o ritualista espera obter resultados práticos em seu próprio benefício ou no interesse de outros.
No entanto, é preciso compreender que o que mais caracteriza o ritual não é a obtenção dos resultados desejados, mas sim a sua capacidade de organizar e orientar a dimensão “tempo” em nossa vida. Um ritual típico é sempre a celebração que assinala o final ou o início de um período – único ou cíclico – pelo qual passamos. O ritual está vinculado e é regido pelo tempo. Sua importância é trazer para a consciência as características próprias daquela fase da vida, cujo começo ou término ele representa.
Ao longo de milênios, a humanidade foi orientada por rituais, dos quais talvez o mais importante tenha sido aquele que sinalizava o ingresso na vida adulta. Na língua sânscrita, com a qual foram construídos os fundamentos do hinduísmo, há duas palavras que expressam a ideia de ritual:
karma e
ritu. A primeira palavra indica toda a ação que tem o potencial de produzir frutos (resultados), aos quais o hinduísmo recomenda que se renuncie. A outra expressa o correr das estações do ano, a passagem do tempo, e é sobre ela que nos debruçamos nesta reflexão.
Carlos Eduardo Gonzales Barbosa é mineiro de Juiz de Fora, dedica-se ao estudo das culturas da Índia desde 1972. Cursou sânscrito na Universidade de São Paulo e, desde 1975, ministra cursos e palestras sobre temas relacionados à Índia, ao hinduísmo e ao Yoga. Em 2010, Carlos dará um curso de sânscrito falado pela internet.
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