Por Patrick van Lammeren
Mahashivaratri, ou “A Grande Noite de Shiva”, ocorre na 13ª noite da fase escura do mês de Phalgun, geralmente caindo em fevereiro ou março. Diversas histórias são atribuídas neste que é o festival mais importante dedicado a Shiva.
É dito que há milhares de anos, Devas (deuses) e Asuras (demônios), utilizando o rei das cobras Vasuki e a montanha Mandara, “bateram” o oceano de leite, em busca do amrta, o néctar da imortalidade. Diversos objetos estranhos surgiram do oceano antes do amrta; dentre eles, o terrível veneno halahala, que se espalhou por todo o universo, sufocando a todos.
Ninguém era capaz de lidar com tão terrível veneno, exceto Shiva, aquele que tudo consome. Ele bebeu o veneno, livrando todo o universo de seus efeitos; contudo, ele mesmo teve um grande esforço para digeri-lo. Durante toda a noite, os Devas permaneceram acordados, em jejum, concentrados em repetir o nome de Shiva, na esperança de que ele resistisse e eliminasse o veneno. Por fim, na manhã do dia seguinte, Shiva ergueu-se, evidenciando que havia sido bem-sucedido.
Todos os Devas comemoraram, saudando aquele que, desde então, ficou conhecido como Nilakantha, “aquele de pescoço azul”, uma vez que o veneno manchou sua garganta. Nesta grande noite, seus devotos reproduzem aquele evento, permanecendo em vigília, em jejum, cantando “Om Namah Shivaya”. Tradicionalmente, em diversas instituições, o canto é feito ininterruptamente por doze horas, sustentado pelos devotos que se revezam em turnos, pedindo a Shiva que elimine o maior de todos os venenos – a ignorância a respeito de si mesmo.
Patrick van Lammeren é professor de simbolismo védico e estudante de Vedanta desde 2004, e faz parte da equipe do Centro de Estudos Vidya Mandir, dirigido pela professora Gloria Arieira.