As Evidências Científicas da Espiritualidade (2)
Yoga

As Evidências Científicas da Espiritualidade (2)


Por Amit Goswami

extraído do livro O Ativista Quântico (Ed. Aleph, 2009), de Amit Goswami
Para ler a primeira parte desse texto clique AQUI. 

Deus, causação descendente e livre-arbítrio


Há alguns anos, estava realizando uma palestra no Brasil sobre o recém-surgido paradigma da ciência baseado na física quântica. Um participante me desafiou:

– Já ouvi falar muito sobre novas interpretações que integram ciência e espiritualidade. Mas isso não é só teoria? Quando é que vocês vão nos apresentar comprovações ou dados?

Por um instante, fiquei abalado, mas depois respondi:

– Na verdade, fizemos nosso trabalho. As evidências científicas da espiritualidade, incluindo dados experimentais, estão aqui. Mas eu pergunto: o que estamos fazendo com elas?

A pergunta deu margem a muitos questionamentos, alguns dos quais descrevo a seguir.

• Se a espiritualidade foi restabelecida pela ciência em nossa vida, então devemos observá-la. Minha formação religiosa diz que devemos ser virtuosos. Eu gostaria de me tornar um ser humano mais amoroso, sincero, justo e solidário. A nova ciência pode me ajudar?

• Quando penso na espiritualidade, penso em Deus, e tenho dúvidas sobre Ele. Essas dúvidas fizeram com que eu me voltasse para objetivos materiais, que não me deixaram mais feliz. Eu gostaria de resgatar a espiritualidade em minha vida. O que tem a dizer a nova ciência?

• Se a espiritualidade é real, isso significa ter de abdicar de metas materiais em seu benefício? E se eu quiser explorar meu potencial criativo?

• Desisti de Deus, pois não entendo como um Deus bom permite que aconteçam tantas coisas ruins. Não consigo aceitar a divisão entre bem e mal do cristianismo popular. A nova ciência pode me ajudar nessa questão?

• Gostaria de trabalhar em soluções para nossos problemas sociais. Isso é espiritual?

Hoje, há muita gente confusa em relação à ética, ao valor da religião e da espiritualidade, e mesmo sobre o livre-arbítrio e a criatividade na busca do potencial humano; isso é resultado das afirmações categóricas e desmedidas da ciência convencional em prol do materialismo científico – todas as coisas (objetos materiais, pensamentos e ideias como espiritualidade e Deus) podem ser reduzidas a partículas elementares de matéria e suas interações.

O cristianismo popular deveria oferecer respostas a tais disposições, mas suas concepções simplistas não nos ajudam a lidar com essas afirmações. Assim, a ideia de que Deus é uma ilusão e que seria melhor esquecê-lo foi ganhando terreno.

Mas o Deus que os cientistas tradicionais denigrem é justamente aquele da crença popular simplista: um Deus onipotente que, de seu trono celeste, julga as pessoas e as envia para o céu ou para o inferno; um Deus que criou o mundo e todas as espécies vivas de uma só vez há seis mil anos; um Deus que permite que coisas ruins aconteçam a pessoas boas; um Deus que se supõe perfeito e que, no entanto, tem imagens imperfeitas – ou seja, nós.

Pois bem, precisamos ser claros. Que natureza de Deus a física quântica e o pensamento do primado da consciência estão postulando? O Deus da nova ciência é compatível com o Deus de que falam as grandes tradições religiosas? Discuti essas questões num livro recente, Deus não está morto, e apresento um rápido resumo de seus pontos básicos.

Na ciência materialista, existe apenas uma fonte de causação: as interações materiais. Damos a elas o nome de causação ascendente, pois a causa sobe desde o nível básico das partículas elementares até os átomos, as moléculas e a matéria densa que inclui as células vivas e o cérebro. Tudo bem, só que, segundo a física quântica, os objetos são ondas de possibilidade, e tudo que as interações materiais conseguem fazer é transformar possibilidade em possibilidade, mas nunca em realidades que experimentamos. Como o dualismo, este também é um paradoxo. Para transformar possibilidade em realidade, é necessária uma nova fonte de causação, e vamos chamá-la de causação descendente.

Quando percebemos que a consciência é a base de toda a existência e que objetos materiais são possibilidades da consciência, então também percebemos a natureza da causação descendente: ela consiste na escolha de uma das facetas do objeto multifacetado da onda de possibilidades, que então se manifesta como uma realidade. Como a consciência está escolhendo uma de suas próprias possibilidades, e não algo separado, não existe dualismo.


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