Medicina Ayurvédica: Experiências de um médico ocidental
Yoga

Medicina Ayurvédica: Experiências de um médico ocidental


Por dra. Susana Urrutia


Introdução a um sistema de saúde natural que enfoca a vida do ser humano integralmente para promover a saúde perfeita


Introdução

O ser humano necessita de um sistema de saúde individual que não apenas identifique o distúrbio do corpo e da mente, mas também um programa que analise integralmente o indivíduo, levando em conta seu temperamento, sua constituição, as emoções, os hábitos alimentares, sua rotina de sono, a estrutura mental, entre outros fatores, para formular uma prescrição que seja um verdadeiro manual de vida diário para alcançar assim um nível mais alto de saúde e harmonia.


A ciência médica milenar mais antiga, a Medicina Ayurvédica, oferece um programa de saúde que integra as características específicas e as necessidades pessoais de cada indivíduo.


É muito interessante e benéfico a um médico com formação convencional focar sua prática diária com as mensagens desta medicina milenar para ampliar o entendimento da saúde tanto em sua promoção e prevenção quanto no tratamento de pacientes que sofrem de distúrbios crônicos e que podem equilibrar seus desequilíbrios com uma visão que integra a saúde com a vida do ser humano, ao contrário da nossa medicina ocidental que enxerga esses fatores como caminhos separados.


História

O Ayurveda tem mais de 5 mil anos, é a medicina tradicional da Índia e o sistema medicinal mais antigo e completo do mundo. Há mais de três décadas um caminho foi aberto no ocidente para dar expressão a esse sistema de saúde oriental e vários médicos e vaidyas (médicos ayurvédicos) se destacam na "ocidentalização" dessa ciência, como dr. Vasant Lad e dr. David Frawley, além da participação relevante de Maharish Mahesh Yoghi, fundador da técnica de Meditação Transcendental, que se uniu aos vaidyas mais importantes da Índia e a médicos ocidentais parar reformular cientificamente esse sistema de saúde tradicional criando universidades no Ocidente para validar por método científico os efeitos, já conhecidos há tanto tempo, na saúde e na harmonia da vida do ser humano.

Em 1985 a Organização Mundial de Saúde reconhece a medicina Ayurvédica como uma prática de saúde a ser exercida sob a atenção médica convencional. Em 1999 a Comissão Europeia para a saúde abre suas portas para as fórmulas fitomedicinais ayurvédicas.


Estrutura e pilares básicos

É importante reconhecer as características mais importantes desta medicina, que com um enfoque tão diferente da medicina convencional é absolutamente complementar a ela, o que permite ao médico ampliar a visão da fisiologia do ser humano e estendê-la à complexidade que resulta na vida do indivíduo.


A definição da palavra Ayurveda é "ciência da vida" e tem foco nos quatro pilares mais importantes da vida do ser humano: mente, corpo, comportamento e meio ambiente. São esses quatro pilares que devemos analisar quando diagnosticamos e prescrevemos aos nossos pacientes. As ações desses quatro aspectos influenciam diretamente na gestão de equilíbrio e desequilíbrio do mente-corpo.


Entenderemos que a consciência tem um papel fundamental na estrutura básica desta medicina, já que temos influência diária em nosso corpo a partir da dimensão do equilíbrio máximo dessa consciência para assim estendermos ao equilíbrio de nossa fisiologia, a qual define a necessidade de integrar em nosso dia a dia uma rotina que incorpore uma técnica mental, exercícios de respiração e posturas de Yoga a fim de neutralizarem o estresse diário e promover integração entre a mente e o corpo.


É importante mencionar que algumas técnicas como a Meditação Transcendental, a Técnica do Som Primordial e o Kriyayoga (de Yogananda), entre outras, cujos efeitos foram medidos cientificamente e permitem realizar uma boa promoção da saúde além de prevenir doenças. Esses fatos contam com respaldo de mais de mil estudos realizados em faculdades como Harvard, Yale e Stanford, entre outras.


Outro aspecto importante é definir o estado de equilíbrio da fisiologia em termos de três grandes princípios metabólicos sutis que governam a dirigem todo o eixo mente-corpo: vata, pitta e kapha. Eles nos permitem conhecer o tipo de constituição de cada indivíduo de acordo com a combinação entre eles. Isso é de grande importância para definir o programa de alimentação personalizado, o uso de suplementos fitoterápicos ayurvédicos, rotinas diárias e sazonais, promovendo assim a integração e equilíbrio dos ritmos biológicos e também definir a rotina de exercícios mais apropriada.


Os conceitos de nutrição e digestão são um grande capítulo a considerar na medicina ayurvédica, não apenas nos ensina a escolher nossos alimentos de acordo com nossa constituição e nossos desequilíbrios, mas também para considerarmos se temos um metabolismo apropriado para digeri-los. Caso contrário, seremos os geradores de nossas próprias doenças.


Os alimentos não nutrem apenas nossas células, mas também os níveis quânticos de nossa fisiologia, o que significa que chegam as instâncias onde de dirigem e governam todo nosso organismo, realizando uma ação terapêutica. Por exemplo, em um caso de câncer devemos reduzir todos os alimentos que tendem a proliferar as células neoplásicas.

É importante destacarmos que os alimentos têm propriedades sutis que afetam a mente, por exemplo, os alimentos picantes e ácidos produzem uma mente agressiva, comidas velhas produzem uma mente negativa e os alimentos de fácil digestão e sabores doces (arroz, leite), frutas e verduras produzirão um estado calmo e positivo da mente.


Outro ponto importante é a massagem ayurvédica como parte de uma rotina periódica, já que tem um resultado poderoso na imunidade, reduz o estresse e melhora o ritmo metabólico da fisiologia. Destacamos aqui a validação científica realizada principalmente na Universidade de Miami (EUA).


Por fim gostaria de destacar uma poderosa terapia ayurvédica de purificação e rejuvenescimento chamada panchakarma, cientificamente comprovada como ferramenta para reduzir a enorme quantidade de radicais livres acumulados no organismo e por diminuir a idade biológica dos pacientes, depois de duas terapias anuais. Também foi comprovado seu efeito nas doenças crônicas (que a incidência atinge um terço da população, principalmente em países desenvolvidos) como as doenças cardiovasculares, autoimunes, inflamações gastroentestinais, entre outras.


Dra. Susana Urrutia (Chile) médica cirurgiã pediatra (Conacem) Universidad de Chile Estudos em medicina ayurvédica: 4 mil horas na Escola de Medicina Védica Maharishi (USA e Holanda). Amrut Ayurveda Nursing Home (FRLHT) Bangalore. Índia




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